terça-feira, 20 de setembro de 2011

Porcos voadores: animais também são energia alternativa

Saiba como estes bichos podem gerar energia, objetos e, até mesmo, salvar vidas.

A internet é cheia de “manias próprias”, como “As diversas faces de usuários na internet”, por exemplo. Outro elemento muito comum (e presente em muitas tirinhas) é uma comida apreciada no mundo todo: o bacon. Esse alimento, produzido através da suinocultura, agrada a muita gente e é praticamente unanimidade nas conversas digitais.
Mas você já parou para pensar que, além do bacon (e de renderem uma bela feijoada), os porcos têm muito mais a nos oferecer? Por serem muito parecidos conosco, os humanos, muitas pesquisas indicam que eles podem ajudar a salvar vidas.
Além disso, seus dejetos começam a se mostrar muito eficientes, sendo reaproveitados na produção de objetos (por meio de uma liga semelhante ao plástico), combustíveis e, até mesmo, como nova fonte de energia.

Parentes distantes

Quando você vê a imagem de um porquinho, é difícil imaginar as semelhanças que existem entre o organismo humano e o dele. Entretanto, estudos revelam que nós temos muito em comum.
Muitas partes do genoma dos porcos são extremamente semelhantes ao nosso código genético, mesmo após mais de 100 milhões de anos de evolução. Além disso, eles contam com um coração praticamente igual ao nosso, além de também metabolizarem remédios de forma muito parecida com a nossa.






Todas essas semelhanças levam os cientistas a direcionarem cada vez mais as suas pesquisas no sentido de procurar nesses animais a solução para alguns problemas humanos, sobretudo no aspecto médico.

Porcos fluorescentes

Um dos estudos que mais geraram comentários nos últimos anos foi o cruzamento de células de águas-vivas com células suínas. Isso gerou uma espécie de porcos fluorescentes, com partes do corpo brilhantes como marca-textos.
Esse aparentemente controverso estudo buscou dois objetivos: o primeiro, tornar o tecido dos animais mais transparente. Com isso, posteriores análises nos animais se tornam menos invasivas, uma vez que os bichos não precisam ser abertos para serem observados.




O outro objetivo (e o mais importante) é conseguir comprovar de maneira definitiva que é possível alterar os suínos geneticamente. Com isso, é mais fácil realizar mudanças em seus órgãos para que estes sejam adaptados ao corpo humano.

Coração suíno e dedo regenerado

Além dos estudos, existem hoje algumas provas vivas de que os porcos podem salvar a sua pele – a jovem Robyn Cairney que o diga. A garota, com 18 anos na época do tratamento, sofria de uma doença cardíaca chamada de estenose aórtica e só uma complicada cirurgia poderia salvar a sua vida.



Os médicos buscaram então uma alternativa um tanto diferente para salvar a vida da paciente. Robyn Cairney teve a válvula de um coração suíno implantada em seu próprio órgão, o que estabilizou a sua corrente sanguínea.
Um caso ainda mais surpreendente foi o de Lee Spievak. O homem, cujo hobby era criar aeromodelos, decepou uma parte de um dos seus dedos utilizando uma potente serra elétrica.
Após recorrer aos médicos, o homem teve a terrível notícia de que seu membro não tinha mais salvação. Todavia, o irmão do paciente apresentou uma solução inusitada: implantar um composto celular feito à base de material genético retirado da parte interior da bexiga dos porcos

Pode parecer estranho, mas não para os cientistas. Isso porque essas células “mandam” nos tecidos, dando ordens para que se regenerem em vez de cicatrizar. Isso fez com que, após um mês do ocorrido, o homem tivesse seu dedo funcionando como antes, com unha e tudo! Apesar de não ter sido tratado como uma “cobaia oficial”, esse é considerado o primeiro caso de sucesso no que diz respeito à regeneração.

Tecnologia suína

Além do bacon e de salvar vidas (e de serem bonitinhos como em “Baby,O Porquinho Atrapalhado”), os porcos se mostram muito eficientes em alguns outros setores, produzindo milhões de toneladas de dejetos, por exemplo.
Todos os dias as fazendas de suinocultura precisam lidar com toneladas de fezes e urina produzidas por seus animais. Se alguns enxergam isso como um problema, outros conseguem visualizar uma excelente oportunidade.

Um combustível diferente

A Pork Terra, empresa brasileira, encontrou uma maneira inteligente de reaproveitar essa inevitável produção, transformando os dejetos em biocombustíveis, fertilizantes, glicerol e biogás.
Tudo funciona de maneira muito objetiva: Uma tubulação leva todo esse material indesejado para uma espécie de “biodigestor”, na qual os dejetos ficam fermentando até que se separem: a parte sólida se transforma em biogás, já a líquida, em biocombustível.




Em seguida, após os porcos serem engordados e abatidos, os animais têm a carne cortada no frigorifico, sobrando assim toneladas de gordura animal. Esses “restos”, por sua vez, são tratados e, combinados como o biocombustível produzido anteriormente, se transformam em biodiesel.

Energia elétrica também é possível

Além de mover máquinas e tratores, os dejetos dos porcos também são capazes de gerar energia elétrica. Isso é possível porque as fezes animais são uma grande fonte de gás metano, combustível muito utilizado (através da queima) em algumas usinas elétricas.
Outra maneira de fazer isso se encontra em desenvolvimento no Centro de Pesquisas em Energias Alternativas e Renováveis (CPEAR), da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul)



Ao contrário da primeira opção, aqui não existe a queima de nenhum gás e, consequentemente, o processo é muito mais limpo. O material é decomposto, filtrado e misturado a vapor, dando forma ao metano puro. Este, por sua vez, é enviado para um reformador, equipamento que extrai o hidrogênio – capaz de ser injetado em uma célula combustível.

Objetos feitos de um material diferente

Pois se os dejetos dos porcos podem ser fontes de energia, outra usabilidade foi encontrada por uma empresa americana. A companhia inventou uma maneira de transformar a urina dos porcos em um material semelhante ao plástico.




A partir disso, estão sendo produzidos vários objetos domésticos de uso bastante comum, como pratos, copos e potes. O processo produtivo é mais barato, simples e muito mais “verde” do que o habitual uso do plástico à base de petróleo. A questão é: você aceitaria tomar água em um copo feito de urina de porco?

Estamos tratando bem nossos amigos porcos?

Como demonstrado neste artigo, os suínos nos trazem muitos recursos, desde a comida, passando pela nossa saúde e, até mesmo, gerando energia e dando forma a objetos. Mas até que ponto isso é correto?
Muitas ONGs de proteção aos animais se mostram contra qualquer tipo de “aproveitamento” desses recursos; já outras são menos radicais, postando-se desfavoráveis a testes injustos e abusivos, como no caso de indústrias cosméticas.
Muito do que foi apresentado pode ser fundamental para a humanidade, como o desenvolvimento de órgãos para transplante, por exemplo. Cabe aos cientistas e pesquisadores darem um tratamento digno a esses animais, que tanto podem fazer pela raça humana.


Fonte: Tecmundo

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